O que é ser mulher? O que é ser artista? Ser “mulher” existem várias definições conforme algumas “crenças” da sociedade (machista, no caso!).Na maioria das vezes, mulheres “respeitáveis deveriam ser virgens (aliás, muito sonho de “consumo” dos marmanjos mais machistas!). Ou deve ser “feminina, submissa e do “lar”… Estar linda quando o marido chegar em casa, com a comida pronta, roupa passada e sorriso no rosto, sempre pronta para o sexo, porque senão o “marido procura fora o que não tem dentro de casa”! Ah! E a questão mais importante: Filhos! Mães, além de levar na barriga 9 meses o peso equivalente a uma melancia de digamos 3 ou 4 quilos, vomitar, passar mal, ter seu corpo transformado, DEVE ESTAR PRESENTE O TEMPO TODO E DAR CONTA!
Aliás, na nossa querida sociedade machista e filha da puta, mulheres “devem ser sempre elegantes, maquiadas, femininas, bem vestidas, excelentes profissionais, manter a casa em ordem, ser sexy! Inteligente, mas calar-se quando homens estão falando!
É ou não é!? Estamos o tempo todo tendo que provar nosso valor! Ainda tem trabalho de “homem ” e de “mulher”! Se os homens passassem pelas cólicas da menstruação, pela dor do parto, pela perda por abortos, sejam eles voluntários ou involuntários, pela loucura ,calor, confusão mental que é a menopausa, será que eles aguentariam passar, lavar, trabalhar, fazer mercado, limpar a casa, cuidar de crianças e pequenos que querem a mãe o tempo todo, adolescentes que culpam a mãe por tudo de errado e adultos ainda precisam da mãe!(Vejam bem! Não estou em momento algum desmerecendo pais que cuidam realmente dos filhos e assumem seus papeis em casa! Estou falando da maioria que foram criados para verem as mulheres como objetos!).
Já artistas não pensam na “caixinha”, tem insônias, questionamentos, trabalhos e obras que nos incitam a aprender a pregar pregos, mexer com ferramentas de todos os tipos, saber nome de parafusos. Artistas amam lojas de tintas, de ferramentas, depósitos de construção, lojas de tecidos e quinquilharias, móveis antigos, objetos diferentes, veem o mundo de outras formas, corpos que são apenas formas da natureza, apaixonam-se por vários assuntos e quando a produção chega no auge, são capazes de ficar trabalhando 25 horas (se o dia tivesse esse tempo todo!). E mesmo no mundo das artes, que deveria ser tão aberto, ainda sim sofremos preconceitos! Como a vez que o carinha que me “cantou” no dia da minha individual (meses de trabalho duro e o cara vem me cantar!).
Agora, unam as duas coisas! Mãe artista é sempre incompreendida! Se fossemos homens, tudo bem deixar as crianças de lado ou escolher a profissão e não ter filhos ou não se casar! A Mulheres NÃO! Mulher que escolhe a profissão ou é “sapatão ou puta”( e de boa! Pensem em todo o preconceito que as meninas LGBT passam, ainda piores que as heteros!) E também as, que por motivos diversos resolveram ou não tiveram opção, e foram para a “vida fácil” extremamente difícil!
Somos cobradas o tempo todo, e isso começa na família! Quantos homens afogaram ou tentaram acabar com a profissões das “suas” mulheres artistas, por elas terem mais status ou ganhar mais que eles! Quantas foram sufocadas e acabaram em instituições psiquiátricas por não conseguirem se expressar ou foram castradas por pais, mães, maridos e tornaram- se pessoas neuróticas e mortas por dentro, vivendo como robôs!
E como temos visto na Série Mulheres Artistas, quantas ficaram na sombra de artistas homens, inflados de egos usando as mulheres e descartando ao seu bel prazer! (E olha , que alguns são meus prediletos, pois já disse que a arte supera a pessoa que faz!). Quantos homens são capazes de darem força e apoio ao trabalho de suas mulheres artistas, como o contrário que acontece na maioria das vezes? Quantos!?
E que fique claro! Alguns homens passam por isso também, mas quantos lidam com isso, sendo multitarefas, sofrendo dores, cansaços, cólicas, pensamentos à mil e preocupacoes com suas familias o tempo todo! Porque mesmo as próprias mulheres atacam as outras, tipo: “nossa, na casa dela é o marido que limpa! Que vagabunda”, “meu deus, olha os shortinhos daquela, mereceu mesmo ser cantada ou estuprada”, ” ahh, mas você perdeu o marido porque não ‘dava’ quando ele queria! (Porque, claro, não importa se você está com depressão pós parto, passando pela falta de hormônios e calores insuportáveis da menopausa, ou se seu dia foi tão cheio que tem que chegar da rua e ainda fazer janta e limpar tudo! Sim, quantas mulheres fazem isso? Pintar? Ficar horas fazendo seu trabalho? Para que? Você não é homem!
Homens podem viver o que quiserem. Mulheres precisam ser perfeitas para não perderem esses homens!
Mulheres artistas são cobradas duplamente, afogadas em críticas e sofrem preconceito das próprias mulheres! Quando isso vai mudar!?
Artistas, saiam das sombras! Mostrem seu trabalhos e se seus “companheiros” tentam lhes podar, não dão apoio e querem tirar a arte de suas vidas, sejam filhos, maridos, mães ou pais: fujam! Senão vocês serão seres humanos infelizes, incompletos e neuróticos! Lotadas de dores e angústias! E se vocês tem companheiros como o meu, que dão força para suas profissões, levantem as mãos pros céus !
E lembrem-se! Vocês todas são dignas de honras e se alguém, seja quem for, tentar rebaixa-las ou por serem mulheres ou artistas ou as duas coisas, me desculpem a expressão! Mas mandem essas pessoas à merda! E filhos deveriam ter orgulho de suas mães, elas sendo trabalhadoras em casa ou fora dela, pois aposto que, se trabalham tanto, é na maioria das vezes por vocês!!! E tenho dito…
Paz vobiscum!!
Angela Diana
Sou londrinense e me dedico à arte desde 1986 quando pisei pela primeira vez no atelier de Leticia Marquez. Fui co-fundadora da Oficina de Arte, em parceria com Mira Benvenuto e atuo nas áreas de pintura, escultura, desenho e orientação de artes para adolescentes e adultos.
Foto: Acervo pessoal