E saiu a exposição no Sesc Cadeião!

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Por Ângela Diana

Expô montada! Está no Sesc Cadeião Cultural até maio!

Mas, o que acontece nos “bastidores”, como é uma montagem? Calma que vou contar!

Pelo Sesc, temos uma equipe que vem buscar as obras, montam no local e depois do encerramento, desmontam e trazem de volta! Isso em qualquer lugar do mundo faz parte da exposição. Aqui no Brasil ainda só alguns lugares dão esse alívio para o artista.

As artes plásticas são as únicas que não ganhamos absolutamente NADA, quando montamos uma exposição…

Tiramos o dinheiro da produção do nosso próprio bolso, não é cobrada entrada, não somos pagos por nenhum projeto proposto, é difícil demais vender alguma obra numa expo… Além do quê, a pintura, escultura, desenho são uma LINGUAGEM… Como escrever na nossa língua ou falar, precisamos conhecer as letras, como essas letras se transformam em palavras e essas palavras precisam fazer sentido.

Posto isso, o que as pessoas têm desde criança, para entenderem e sentirem a mensagem de uma obra? Não temos artistas inseridos nas escolas, não temos arte pelos quatros cantos da cidade (falando de Londrina, mas isso acontece em muitos lugares)…

Londrina, especificamente, virou antro de ultradireita (e tudo o que é “ultra”, faz mal)! Aqui se demonizam artistas e professores, por pessoas que nos chamam de “esquerdistas”! Pessoas que não sabem o que é ser assim! Polarizam a política, acreditam em “salvadores da pátria” para poderem se dizer “cuidadores do bem, da honra, de DEUS, DA PÁTRIA E DA FAMÍLIA!

Eu pergunto: que Pátria? Que família, que DEUS?

Aonde existe uma mentalidade caótica e pequena, não se aceita que artistas e professores possam fazer o seu trabalho. E que isso fique bem claro: NÃO É FAZER UMA LAVAGEM CEREBRAL, COMO POLITIQUEIROS FAZEM, MAS ENSINAR O POVO A QUESTIONAR, A PENSAR, A QUERER APRENDER DE VERDADE! Povo que pensa não vai em “esparrela”, luta pelos direitos.

Exposição é questão de resistência

Então, fazer uma exposição e questão de resistência! Nessa, em particular, muitos amigos e amigas me ajudaram.

Para começo de conversa, meu marido Rogério Rigoni….O apoio emocional é deveras importante! Porque passamos horas fazendo a obra e essa obra começa a mexer com a gente.

Conversando com uma amiga, ela me disse que é tão profundo o quanto isso mexe, pois revemos obras e as lembranças das emoções voltam; que não percebemos … Mas, sentimos e isso, claro, aparece no dia a dia.

Afeta a rotina…conviver com artistas nunca é fácil… Ainda mais numa casa que moram dois artistas!

À família, aos amigos, amigas e amigues – que inclusive ajudam até nas caronas, nas tintas, e aí incluo o pessoal todo do Sesc, a Vivi, Borracha, Denilson – só tenho a agradecer. Ao Duda Victor com sua bela apresentação, ao Davi Di Pietro também, ao O LONDRINE̅NSE, Telma e Suzi, e a nossa amiga Maeve Mendonça que generosamente me emprestou uma roupa bafônica para a Expo! 

Bastidores é isso!

Estou com minha exposição individual no Sesc Cadeião Cultural, até maio. Mas os bastidores dela estão todos aqui, na coluna
Fotos: Acervo pessoal

É ir pra expo, montar, ver qual o melhor lugar, buscar uma sequência que faça sentido, ajoelhar, ver todos os detalhes.

Quando temos uma equipe, não precisamos subir em escada, medir o espaço… é um alívio.

Nunca é pendurar de qualquer jeito!

Tudo tem que ser pensado, conforme o espaço estabelecido.

Daí, concomitantemente, tem a parte de elaborar um catálogo, colocar nas redes sociais, convidar as pessoas, elaborar junto com a galeria formas de levar mais público…

E isso tudo, enquanto a gente tá batalhando para pagar o aluguel, comprar comida, pagar água , luz , telefone… Essa e a realidade do artista plástico.

Sem folgas pagas, sem ter certeza de retorno nenhum, apenas na fé e em alguma coisa divina que nos move…E isso e só Deus sabe…

Porque quando a obra sai de “casa” , ela já tem vida própria, as implicações disso fica por conta do universo.

Claro, com toda a parte humanamente possível que o artista faz .

Leis de incentivo acontecem só para quem tem tempo e dinheiro de contratar uma equipe que faça toda a parte burocrática e insuportável do processo.

Batalhando para pagar contas e fazer a obra, não sobra para investir mais… No final, é um grande círculo vicioso perverso para que o artista não mostre seu trabalho e chacoalhe “as folhas caídas pelo chão”!

Será que é por ódio a nossa resistência que somos tão “demonizados”?!

O que você acha?

Exposição aberta para quem quiser dar uma conferida e estou aqui para responder qualquer dúvida, ok?

Dia 23 agora, também darei uma oficina de desenho costurado no Sesc Cadeião! Ainda dá tempo de se inscrever! O resultado será exposto no domingo às três da tarde!

Durante a estadia, até maio, teremos algumas ações bacanas acontecendo: desde conversa com o artista, mesa redonda, desfile de moda circular entre outras coisas.

Trarei tudinho aqui para você! 

Ângela Diana

Sou londrinense e me dedico à arte desde 1986 quando pisei pela primeira vez no atelier de Leticia Marquez. Fui co-fundadora da Oficina de Arte, em parceria com Mira Benvenuto e atuo nas áreas de pintura, escultura, desenho e orientação de artes para adolescentes e adultos. Instagram angela_dianarte

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