Por Ângela Diana
Quem segue a coluna, já percebeu que eu escrevo como pinto e que faço as colunas por séries…
Hoje, lanço uma série de seis colunas sobre as Cotidianas (Coletivo Cotidianas: Edra, Elis, Dani e eu), para que possa curtir a expo no SESC CADEIÃO que terá sua abertura dia 20 de setembro, às 19 horas. Estão todos, todes e todas convidadíssimas! A expô ira até o mês de outubro, coloco a data final na próxima coluna!
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O título vem de encontro à série que estou fazendo para a expô e é da multiartista e professora Cecília Meireles!
“Eu não tinha este rosto de hoje, assim tão magro, nem estes olhos, tão vazios, nem o lábio amargo…
Eu não tinha estas mãos sem força, tão paradas e frias e mortas.
Eu não tinha esse coração que nem se mostra.
Eu não dei por esta mudança tão simples, tão certa, tão fácil: Em que espelho ficou perdida a minha face?”
Com uma reflexão tão forte dessas, lógico que não sou a única artista que trabalhou com esse poema!
Gisele Carvalho, fotógrafa, fez uma bela série e usou na sua expô a trilha sonora da Enya (amooo)”only time”, que fala justamente dessa passagem do tempo!
Letícia Marquez e o grupo do ateliê, nos anos 1990, também trabalharam numa fortíssima coletiva!
Que por sinal nessa eu não pude participar, pois estava morando fora de Londrina.
Mas, como nunca é tarde para a arte, o título ficou anos “bailando” na minha cabeça e agora, com 54 anos, sinto na pele essa passagem do tempo que Cecília talentosamente expressou.
Sem amargura no meu caso, mas quem já não sentiu o gosto da morte? Ou perdeu alguém amado? Como pai, mãe, avós, tios, tias, amigos…
Aliás, não só o poema mas a própria Cecilia Meireles tem MUITO a ver com o que vamos mostrar no SESC! Ela batalhou para que as mulheres também tivessem o seu lugar nas artes e combateu a palavra “poetisa”, pois acreditava que isso diferenciava as mulheres no mundo das letras: poeta é para todes, todas e todos que escrevem sobre a alma, o espírito, as chagas humanas…
Cada uma de nós vai mostrar séries diferentes, essa é a minha…
Mas essa não é mais um coletivoe sim as sementes do que acreditamos ser um movimento global.
E que já está na hora de acontecer aqui!
A valorização do FEMININO, não da forma como tem sido usado nesses vários séculos, mas o feminino também como parte dos homens! Afinal, todos temos os dois lados.
O feminino, assim como a beleza, é uma energia em movimento… Masculino e Feminino como uma integração no universo.
Vemos isso até nas flores!
Não somos, homens e mulheres, os opostos! Mas, sim, complementares!
Enquanto pensarmos diferente disso e a mentalidade machista arraigada tomar conta, todos , todes e todas perdem, e muitas vezes perdem a vida!
Aliás, no Brasil e em muitos países, a violência, os abusos e as ações para apagarem as mulheres da história EXISTEM COMO FATOS, tristes fatos… Mas, que fortalecem o movimento para trazer da escuridão e do esquecimento, todos os nomes e obras das mulheres que no nosso inconsciente coletivo nunca foram esquecidas!
Obras importantes tornam-se imortais e parte dos nossos DNAs!
Sem mais explicações, a partir do momento que colocar minhas obras naquelas paredes, elas já não serão “minhas” , mas do observador! Das suas experiências, visões, sonhos, sentimentos e emoções perante a vida (e a morte)!
Dicas! Estamos no Face e Insta como @coletivocotidianas.
Todas nós EXISTIMOS! Google prova! 😊
Cecília Meireles na Wikipédia!
Gisele Carvalho, Letícia Marquez também no Face e Insta!
E todas as coletivas do atelier da Letícia aparecerão por aqui! Muitas histórias e artistas que deveriam estar já nos livros e sendo estudados nos cursos de arte de Londrina!
Artistas e expos, dignas de bienais!
E… para não estragar a surpresa, as fotos são de pedacinhos da minha produção! Longos seis anos sem produzir …
Sem produzir, mas, como artista não desiste nunca, quando não produzimos fazemos pesquisas e vivenciamos as experiências. Agora chegou o tempo de colocar no papel (ou será no pano?)…
Fale para mim!
EM QUE ESPELHO FICOU PERDIDA A SUA FACE?
Pax vobiscum!
Ângela Diana
Sou londrinense e me dedico à arte desde 1986 quando pisei pela primeira vez no atelier de Leticia Marquez. Fui co-fundadora da Oficina de Arte, em parceria com Mira Benvenuto e atuo nas áreas de pintura, escultura, desenho e orientação de artes para adolescentes e adultos. Instagram angela_dianarte
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Foto principal: Acervo pessoal
(*) O conteúdo das colunas não reflete, necessariamente, a opinião do O LONDRINENSE.
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