Começo o texto de hoje com essa pergunta estranha…Mas imaginemos: uma cidade com arte por toda a parte! Em vez dessas calçadas quebradas e refeitas de uma forma tosca, teríamos as calçadas ecológicas, com árvores próprias e cheias de flor; para quem quisesse, algumas seriam de petit pavê, da cor da nossa terra e não brancas encardidas….Ou, num futuro muito distante, as calçadas de mosaicos coloridos ou, ainda, como as usadas em algumas cidades de Londres (são feitas de borracha de pneus e cimento, permeáveis e duram pelo resto da vida), o que, de “quebra “, eliminaria os problemas com pneus velhos juntando dengue!
Agora, vamos pensar nas praças, aquelas bem cuidadas, aonde as árvores são podadas adequadamente e os artistas da cidade são convidados a fazerem projetos de esculturas, mosaicos, instalações para que um grupo imparcial os escolha e, com isso, as praças sejam lugares de descanso, paz e arte.
E as paredes “mortas” dos prédios? Aquelas gigantes, que com o passar do tempo ficam cheias de mofo ou são avacalhadas por pichadores? Imaginem se grafiteiros de verdade e pintores fossem convidados para pintar essas paredes? Grafite é arte, pichação sem propósito NÃO! (E TAMBEM NÃO É UMA FORMA DE EXPRESSÃO!). Em Goiânia fizeram um projeto desses anos atrás, vi prédio pintado até pelo Siron Franco, artista goiano famoso e muito bem cotado no exterior.
E o Bosque, nosso querido bosque, cada dia mais destruído e tomado pelo mofo e cocô de pombos…o que seria esse espaço com arte? Talvez um ‘BOSQUE DO PAPA” como em Curitiba? Com as árvores replantadas, calçadas bem feitas, esculturas e iluminação próprias…um lugar que nos desse orgulho e não desolação.
Dos museus, nem preciso mais falar, pois já falei! E também do projeto do lago nunca feito…Se todo bom londrinense fotografa e ama o lago Igapó, imagine se o projeto do Burle Marx fosse FEITO! Se é que ele ainda existe, esquecido em alguma gaveta governamental…
Parece que, nas várias colunas que escrevi, estou sempre falando da mesma coisa, mas me indigna o fato das pessoas se acostumarem a viver numa cidade aonde a “revitalização” é pintar calçada quebrada cor de tijolo e colocar algumas floreiras …
Hoje, como artista, venho cobrar da Secretaria da Cultura alguns posicionamentos quanto aos projetos que a secretaria poderia desenvolver com os vários criadores artistas de Londrina! Pois a cidade aonde nasci, merece mais, muito mais, cuidado , arte e planejamento.
Eu conheço a maiorias dos artistas daqui e, para cada ideia que aqui está, temos profissionais para isso. E com certeza, verbas também, pois Londrina não é uma cidade pobre!
Viver sem arte é um tédio profundo, viver em uma cidade cheia de possibilidades mas, a cada dia, mais mal cuidada é de enfurecer!
Chamem os artistas, organizem projetos, coloquem nas suas mentes que uma cidade com arte, chama turistas, atrai dinheiro, melhora o comércio e com isso mais dinheiro para a cidade….Tão simples ….
Vamos começar a imaginar essa cidade de outra forma, com seus prédios históricos preservados, suas áreas públicas e de lazer cheias de obras de arte, quem sabe assim mudamos o nosso sentir, treinamos a nossa percepção para o belo e começamos a rejeitar e reclamar desses remendos mal feitos e esses “escombros mofados” que vemos todos os dias!
Como diz um amigo meu: “oremos”!
Boa semana do dia das mães para vocês !
Que a beleza e a transcendência da arte ilumine a todos!
Angela Diana
Sou londrinense e me dedico à arte desde 1986 quando pisei pela primeira vez no atelier de Leticia Marquez. Fui co-fundadora da Oficina de Arte, em parceria com Mira Benvenuto e atuo nas áreas de pintura, escultura, desenho e orientação de artes para adolescentes e adultos.