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Diário de Quarentena: Refazer, limpar, jogar, guardar!

Por Angela Diana

Ainda na lida do “desapego”, vai daí que recebo três encomendas de uma vez só… É incrível, pessoal, como o universo trabalha! Estou passando pela experiência de desapegar e dar espaço para energias novas! E não é que a experiência está indo muito bem? Vocês ja passaram pela experiência de não conseguir, de jeito nenhum, desapegar de um objeto e um dia, como mágica, chega a hora dele “partir”? Pois é!

Há anos tenho uma mesa que ganhei de um casal de tios postiços muitos queridos (tio Rubens, in memoriam, e tia Cida). A tal mesa tem os pés estilosos e “tortos” e sempre fazia minha mãe tropeçar nela (E xingar a mesa… lógico)! Eu alimentava a ideia de colocar uma cadeira de cada cor e diferentes uma das outras e pintar a mesa de vermelho e fazer um mosaico nela. Parece simples, não? Pois é! Eis que se passam quase 30 anos e eu nunca conseguia fazer a tal mesa, ganhava as cadeiras, usava em outros trabalhos, vendia, dava, repintava… E a mesa lá! Servindo pra fazer escultura, separar peças, colocar a gengis khan…

Foto: Acervo pessoal

Pois não é que nesse processo todo de “joga fora, arruma o que ainda é importante, limpa o que precisa”, acabei refazendo a mesa… Os pés, aliás! Tirei o tampo… Lembrei que há uns dois anos fiz um tampo de mosaico para minha mãe e ele estava sem os pés… Atravesso a praça (minha mãe mora em frente a minha casa), trago o tampo…e “voilá”! Serve! Feliz da vida ,mando a foto para um amigo nosso que adora minhas peças e ele gosta tanto que quer comprar…E qual não foi minha surpresa quando eu falei: vendo! Ele é uma pessoa que estima, não venderia para ninguém mais.

Uma semana depois, lá vou eu arrumar duas cadeiras e mostro para ele de novo… Enfim, no final da saga, a mesa acaba com três cadeiras diferentes. Quando ele me manda a foto, simplesmente fiquei chocada! O que eu desejava fazer, deu certo! Mas não era para mim! Não era para minha casa ou meu atelier, era para casa dele! E ficou tudo combinando, até com o sofá que tem um tom de turquesa como as pastilhas da mesa…

Foto: Acervo pessoal

Eu já sabia que livros têm seus destinos, mas para mim foi a prova de que objetos, obras de arte também tem seus próprios caminhos… E que, como artista, eu só fui um canal para realizar a obra para dar alegria para outra pessoa.

Talvez uma das maiores lições dessa pandemia está sendo o DESAPEGO… Como diz Marie Kondo, no seu livro “ficar apenas com o que ainda te alegra”. O fluxo de ideias, de energia para realizar aumentou muito. Nem sempre o que gostamos é “nosso”, e sim “emprestado”! Objetos, obras de arte, roupas, sapatos, utensílios nos ajudam a criar e até a expressar nossa personalidade e mesmo quando colecionamos obras e outros objetos, eles também devem nos proporcionar prazer (tirando o fato que algumas coleções servem como investimentos).

Foto: Acervo pessoal

Às vezes, só precisamos nos ouvir um pouco e sair do “engessamento” de planos… Planejamos tanto e quantos planos realizamos, apenas por não sabermos que “seguir o fluxo”. É ouvir a si mesmo e aceitar que às vezes precisamos desapegar… Desapegar de ideias, de objetos, de planos… E viver! Quantas coisas a arte continua me ensinando… A vida é uma eterna obra em processo de criação! E só pintando para descrever como isso é denso e fantástico… Começo a entender o que é “ser um SER em construção”. E se a vida não é a maior “viagem ” que existe…não sei mais o que pode ser!

Pax vobiscum! Rumo á terceira dose! Assim seja!

Angela Diana

Foto: Ana Paula Barcellos

Sou londrinense e me dedico à arte desde 1986 quando pisei pela primeira vez no atelier de Leticia Marquez. Fui co-fundadora da Oficina de Arte, em parceria com Mira Benvenuto e atuo nas áreas de pintura, escultura, desenho e orientação de artes para adolescentes e adultos.

Foto: Acervo pessoal

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3 Comentários

  1. Adorei a lição e os efeitos do “desapego”, que aliás deveria ser uma prática em nossas vidas. Tudo no Universo se transforma, principalmente nós os viventes, portanto não temos o direito de bloquear as transformações materiais, físicas e emocionais das nossas vidas, afinal tudo que resta após o ciclo da vida terrena é o espírito, que deverá estar livre de pesos e repleto de boas energias. Que as boas energias fluam em sua vida. ❤️

  2. Essa ideia do desapego é muito interessante, e nós deveríamos praticá- lá sempre que possível, o contentamento do outro nós faz refletir porquê guardamos tantas coisas que não mais nos traz felicidade? Vivemos num planeta onde acumulamos tantas coisas e ainda continuamos a comprar .Adorei sua matéria Ângela.bjs

  3. Bom dia prezada Angela.
    Seus textos são excelentes.
    Parabéns e muito sucesso em sua Blog.

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