Hoje descobri a NFT, uma espécie de certificado digital. Resumindo: a obra é digitalizada e vendida usando os bitcoins (dinheiro digital). Quem compra é dono da obra original e esta é registrada, mas podem ser feitas várias cópias e vendidas. É um processo muito novo, e existem muitas controvérsias, inclusive um grupo comprou um desenho original de Picasso, pictografou e queimou a obra original! Em relação à isso, pessoalmente fiquei horrorizada! Talvez porque, principalmente, a ideia de “queimar obras” (ou livros!) é uma ação muito popular entre os ditadores.
Com o tempo vou trazendo mais detalhes sobre o assunto, de qualquer forma é mais uma maneira de levar a arte para outros lugares. Lógico que também é mais um jeito de comercializa-la. São grandes as mudanças na nossa vida, aliás! Temos duas (no mínimo!), a do dia a dia, matéria e a virtual… Temos avatares, que me fazem lembrar os “duplos” dos egípcios (esculturas do morto, que serviam para quando a pessoa voltasse à vida e usasse, caso seu corpo físico ou sua múmia não existissem mais).
Como humanos vivemos num mundo dual: dia, noite, frio e calor…Mas eu acredito que nunca tivemos uma vida tão “abstrata”, digamos, como agora!
E muito se tem falado da saúde mental, ainda mais nesse momento tão tenso, tão contra a nossa natureza (ficarmos isolados, principalmente). Mais do que nunca a arte pode trazer uma válvula de escape, um equilíbrio que ainda vai ser importantíssimo para sobrevivermos nesses tempos sombrios, quando cada morte pesa no nosso inconsciente coletivo, e o medo de algo invisível e mutante.
Mas! Nossa natureza também é de nos adaptarmos, por isso acredito que muito mais formas de mostrar as obras e de fazer comércio vão surgir…
Claro que, como artista, ver ao “ao vivo” é bem diferente… Mas não podemos deixar de acompanhar as inovações, de pensarmos, de sentir qual é a melhor opção para mostrar a obra de cada um, de levar a arte para mais e mais pessoas.
E talvez esse seja um dos momentos críticos, em que a humanidade está sendo obrigada a mudar rapidamente… A evolução é lenta, mas às vezes dá saltos.. Fico pensando se esse momento é um deles…
Tenho certeza de uma coisa, e como dizem “sempre vou bater nessa tecla”: a arte nunca foi tão necessária quanto agora! Seja no digital ou no “real material”. A percepção da obra de arte muda muito quando está em uma foto ou quando vemos frente a frente, começando da diferença das dimensões, das técnicas usadas, como ser desenho ou pintura, por exemplo.
A energia da obra também muda, se bem que, muitas obras que sou apaixonada, só pude conhecer das fotos nos livros ou na internet. Creio que uma boa obra de arte transmite seu recado muito melhor ao vivo, mas é consistente o suficiente para se sobressair em varias mídias.
E o que vocês pensam sobre isso? Arte digital? Museus digitais, museus presenciais, galerias digitais ou presenciais? Vale tudo ou algumas são melhores que as outras?
Boa semana e mantenham distanciamento social!
Angela Diana
Sou londrinense e me dedico à arte desde 1986 quando pisei pela primeira vez no atelier de Leticia Marquez. Fui co-fundadora da Oficina de Arte, em parceria com Mira Benvenuto e atuo nas áreas de pintura, escultura, desenho e orientação de artes para adolescentes e adultos.
Foto: ‘Everydays’, colagem .jpeg de 319 gigabytes, do artista Beeple, foi vendida por US$ 69 milhões