Continuando sobre a quarentena e a criação, resolvo retomar um projeto antigo que veio bem a calhar com o momento: a série casulos…Esse trabalho está parado há muito tempo. Não que tenha ficado estagnado, eu até pensava em vários casulos diferentes, mas descobri que era para esse momento que vários casulos apareciam na minha mente! Não é inédito no mundo das artes. De boa? Nunca é! O mais comum são vários artistas separados até por países diferentes trabalharem no mesmo tema, chamamos isso de inconsciente coletivo!
SSiron Franco, artista goiano , engajado, já fez casulos anos atrás. Eram de cores terrosas, grandes e fechados, achei maravilhosos! Também conheci o trabalho de um artista de Minas Gerais que, não só montava casulos, mas desenhava e usava a terra como tinta! Infelizmente, não lembro o nome do colega, acabei guardando na memória os casulos, o que na verdade não está errado, já que a obra é mais importante que o artista!
Creio que todo o mundo deveria ter períodos de casulo, de reclusão, de 40 dias no “deserto” ….Um período de reflexão, de ter uma conversa consigo mesmo, de pensar sobre o que realmente importa.. Muita gente usa o”casulo” para se esconder… Não penso nos meus assim, eles são abertos como se a transformação já tivesse ocorrido, e a borboleta já estivesse voando livre por aí, colorida e majestosa! E não é esse um dos maiores significados?
Afinal, o que é nosso corpo? Um grande casulo de carne, que guarda a alma, algo impalpável e que precisamos nos conectar e conhecer urgentemente…
Claro que é bem complicado viver uma quarentena, principalmente quando ela é imposta, mas como essa tem sido produtiva! E junto vem o medo, o caos em volta de nós, a reação de outras pessoas perante essa crise, a impotência perante um vírus, o pensamento de vida longa ou não…Pois cada vez que alguém se vai, toca a nosso senso de mortalidade, ou seja, a carne não é eterna…
E aí, entra a história do casulo.O que seremos depois de nós “enclausurar” em nossas casas? Como poderemos fazer tudo em volta ser melhor? Eu espero viver até uns oitenta e muitos, e vocês? Até fiz um quadro sobre isso, o título é “A artista em seu atelier aos 83 anos”… Bom, se não for até aí, pelo menos tive a obra para mostrar que eu tentei chegar!
Já estou no quarto casulo, começou pequeno e estão crescendo…Bom, meu mundo é macro, quadros grandes, espaços abertos, murais, esculturas enormes, tudo o que não passe despercebido, as vezes a arte tem mesmo que ser uma “pedra no meio do caminho”!
“Quem você quer ser quando crescer”?O seu casulo pode ser sua casa, lembrando que a casa da gente é onde nosso coração está! O casulo pode proteger, mas para quem não evolui ele pode ser uma prisão!Qual casulo é o seu?
Boa semana a todos!
#usemmascaras #cuidemdevoceseumdosoutros #stayhome #ficaemcas a#vaipassareseremosmelhores
Angela Diana
Sou londrinense e me dedico à arte desde 1986 quando pisei pela primeira vez no atelier de Leticia Marquez. Fui co-fundadora da Oficina de Arte, em parceria com Mira Benvenuto e atuo nas áreas de pintura, escultura, desenho e orientação de artes para adolescentes e adultos.
Fotos: Acervo pessoal