Por Ângela Diana
Olha, não teve jeito! Li as colunas da amiga Edra Moraes e da amiga Ana Paula Barcellos, conversei com alguns amigos e de boa? Meu ceticismo impera! Mas vamos lá. Essa coluna traz dicas e alguns conselhos para o novo secretário.
Antes de mais nada e sinceramente, durante minha trajetória artística tiveram três jornalistas que fizeram comigo entrevistas de respeito: Nelson Sato, Telma Elorza e Marcão Kareca… Para mim, é incontestável a inteligência e perspicácia desses três profissionais.
Até aí ok! Mas…(E tem sempre massss), Londrina é território de ninguém, terra de forasteiros – no mau sentido- e que não querem nem saber de artistas ou cultura.
A real é essa, e provo! Museu sucateado, praças públicas sucateadas, um Bosque que daqui a algum tempo nem árvores terá e população colocando a letra no nome do teatro de volta? Ou seja, os velhos tempos quando arrancamos pregos das paredes da sala Antônio Teodoro continuam do mesmo jeito! E olha que de lá para cá se foram quase 35 anos. A gente colocando remendo!
Nem condeno, nem crítico, afinal Marcão está chegando agora…E uma andorinha não faz verão sozinha, não, povo!
Não vou entrar na questão de economia criativa que isso é o metier de Edra ou da visão mais positiva da Ana Paula (só avisando que somos 3 aquarianas e que pensamos fora da “caixa”!)
Mas não posso deixar passar minha impressão sobre tudo isso, ok?
Dicas e conselhos
Primeiro! Verbas? Retirem a fortuna dos salários de prefeitos, secretários e vereadores que com certeza sobra aí uma graninha para pasta de Cultura! Entrem em contato com fundações como Inhotim, Itaú Cultural, Santander Cultural, Museus – que dão certo – e até o Centro Pompidou, que está construindo uma sede em Foz do Iguaçu!

Entrem em contato com gente que faz acontecer e contratem um diretor de museu que seja MUSEÓLOGO e coloquem nos espaços públicos administradores culturais!
Parem de falar que precisa de milhões para fazer algo aqui! Aliás, cada vez que escuto isso fico pensando em como “milhões” aqui em Londrina parece troco de chiclete! Transforma logo o tal prédio da secretaria em salas de exposiçõess e muda o órgão para um lugar aonde ele sirva apenas para o administrativo! Entrem em contato com as várias universidades daqui e façam parceria para um levantamento DE VERDADE dos artistas em todas as modalidades da cidade!
Assumam espaços perdidos e abandonados e façam centros culturais decentes, aonde profissionais de várias áreas vão poder dar cursos para a população! Façam um levantamento dos artistas que trabalham fora do centro e que vem batalhando nos seus bairros, tirando inclusive pessoas da criminalidade!
Pelamordedeus! Nem é preciso pensar tanto! Façam pesquisas de como a cultura funciona em países como a França, Itália, Inglaterra! Que, mesmo no pós-guerra, tinham BIBLIOTECAS ambulantes e, quando se abria centros culturais, a rainha ou representantes iam INAUGURAR! (Sim, na Inglaterra! Assistam a série Padre Brown – que está no Prime e inspirem-se!). E aqui quase nunca os secretários da Cultura se dignavam a ir em exposições de arte!
Para você, Marcão, um conselho: não é só ouvir, é ouvir e reunir uma equipe que trabalhe com a mentalidade de amor a cultura e que tenha em mente que chega de uma cidade sucateada ! Enquanto não mudar a mentalidade, Londrina, que nasceu para ser polo cultural, não vai pra frente!
“Mirem-se no exemplo das mulheres de Atenas”!
Ou seja, procurem exemplos no BRASIL de lugares que deram certo! Que conseguiram os caminhos para que empresas privadas entendessem que cultura traz dinheiro! Cultura não é show do artista do momento, não!
Cadê a música erudita e os grandes festivais de Rock? Cadê o respeito pelos artistas dessa cidade! Alguém já escreveu sobre todos os ateliers que fizeram história e que formaram artistas aqui, desde os anos 1960, 1970? Cadê livros e filmes sobre o pessoal do teatro, da literatura! Feiras de lançamento como o Flick que reúne gente de peso em Paraty?
Sem querer desrespeitar o entusiasmo dos colegas e amigas, amigos, amigues, sem querer desrespeitar o Marcão, que mal assumiu a pasta e que não vai ser fácil! Mas, de boa! São anos… anossss de decepções e blá blá blá! Então, abertos estamos para o diálogo, para mudar as coisas, mas se tudo isso acabar em pizza no final de 4 anos, desisto definitivamente de Londrina.
E cpmo diria o velho ditado: o último a sair, apague a luz!
A coluna de Arte está aberta para você, Marcão! Diálogo é com a gente mesmo! E lembre-se! Cada produtor dessa cidade tem pelo menos três projetos engavetados que nenhum secretário (fora o Aldo Moraes que, infelizmente, ficou pouco tempo!) quis ao menos saber!
Goiânia, Sampa, Rio de Janeiro, Sergipe, Bahia, Belo Horizonte, Curitiba… projetos que deram certo! Muitos! É só entrar em contato, gente! Pesquisar! Fazer planilhas de custos, pensar nos profissionais que realmente estão aí fazendo acontecer até hoje, e isso no meio da sucata que Londrina se transformou!
Resgatem a história do Filo, dos grandes festivais, das exposições e artistas!
Minha coluna saí na sexta, mas estou aqui, na quarta (0h30), escrevendo, já no dia do meu Niver! O melhor presente que eu gostaria de receber?Que Deus desse consciência para quem está assumindo a direção da cidade pelos próximos 4 anos e que, em algum momento, tivéssemos um prefeito como o Greca, que é simplesmente apaixonado por Curitiba! Porque o que falta aqui são pessoas que são apaixonadas pela cidade …
Ah! E por favor! Ranço pelo PROMIC! Digo, escrevo e repito! PROMIC deveria ser UM dos braços de uma secretaria da segunda maior cidade do estado do Paraná! UM! NÃO o principal PROJETO! Por favor! Me poupem do discurso que o PROMIC fez e aconteceu! Nos anos 1980 e 1990 a cidade era uma efervescência cultural e nada de PROMIC no horizonte! O que tinha aqui era gente corajosa e “peituda” que fazia acontecer!
Fatos comprovam! Se você não tiver preguiça, leia os jornais da época!
Enfim… boa sexta!

Ângela Diana
Sou londrinense e me dedico à arte desde 1986 quando pisei pela primeira vez no atelier de Leticia Marquez. Fui co-fundadora da Oficina de Arte, em parceria com Mira Benvenuto e atuo nas áreas de pintura, escultura, desenho e orientação de artes para adolescentes e adultos. Instagram angela_dianarte
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Uma resposta
Parabéns Angela… e ain vamos falar pq o novo secretário quer ouvir e precisa ouvir. Algo tem que mudar.