Por Ângela Diana
Para quem lê essa coluna, me responda: você acha que a arte é só um quadrinho para combinar com seu sofá ou ela também é um fator de equilíbrio mental? Pessoalmente e por pesquisas desenvolvidas por educadores, filósofos, didáticos, psicólogos, psiquiatras, estudiosos da arte, já é confirmado que SIM, ela é um fator que pode equilibrar o emocional, até de pessoas portadoras de doenças mentais. Além do que, se bem interpretada, pode ser usada como indicadora do que afeta as pessoas. Exemplo? Crianças abusadas em casa ou até crianças com psicopatias, crianças e adolescentes que vivem em meios violentos.
E isso eu vivenciei, quando há séculos atrás dei aulas no antigo União da Vitória (antigo, sim! Porque, na época, a criminalidade corria solta e as famílias viviam em condições precárias. Hoje, é um bairro com casas boas, infraestrutura e reconhecido como BAIRRO). Muitas das nossas crianças (que hoje estão bem e têm suas famílias e profissões) desenhavam facas, revólveres ou acontecimentos que, infelizmente, eles vivenciavam no bairro ou em casa. Se, na época, tivéssemos psicólogos que fossem especialistas em processo de criação, muitas crianças poderiam ter sido ajudadas mais rapidamente e muitos problemas domésticos que sofriam poderiam ter sido debelados! Mas… Brasil, né?

Dra. Nise da Silveira, maravilhosa, foi uma das primeiras seguidoras de Jung, que batalhou arduamente para que a arte fosse usada com pacientes psiquiátricos que sofriam verdadeiras torturas, como remédios errados, tratamento de choque e violências dentro dos manicômios (verdadeiros infernos na terra). Aliás, como já citei em colunas passadas, inclusive alguns e algumas artistas (mulheres, vítimas perfeitas de famílias ricas e ignorantes), colocavam seus filhos e filhas nesses lugares, por não quererem ou entenderem que eles eram artistas e que não tinham nenhum problema psiquiátrico.
Freud e Jung foram “pessoas enviadas do céu” e, com certeza, ajudaram a mudar a mentalidade e salvaram muitas pessoas de sessões torturantes e violentas em manicômios, onde os piores eram mantidos pelo Estado. Você conhece as histórias terríveis de alguns manicômios brasileiros causadores de mortes sem sentido.

Devemos apenas separar o que é a arteterapia, da profissão de artista plástico ok?
Na arteterapia, profissionais treinados em vários níveis, inclusive com artistas, psiquiatras, psicólogos, médicos, terapeutas ocupacionais que exercem a profissão. Lembrando que muitos pacientes de arteterapia têm problemas ou síndromes psiquiátricas graves.
No mais, que a arte salva eu não tenho duvidas! Ela nos ajuda a equilibrar nossas emoções, retirando a raiva, revolta, ódio, sendo o maior meio de expressão do ser humano, em TODAS as suas categorias!
Como artista, vivo a experiência frequente de trabalhar no meio do caos, ou seja, quando a vida nos joga na parede, quando situações nos abalam, quando falta dinheiro, energia, alegria, quando o luto bate a porta, enfim experiências humanas que todos vivenciamos.
É NESSE momento que a arte se torna nossa maior amiga e ponto de apoio (claro que, em certos casos, como já falei aqui, ou em casos de extrema ansiedade um remedinho junto, com receita medica ajuda. Uma oração, um banhinho de alecrim ou arruda ajuda também!). Li recentemente um artigo que foi até chocante! Um estudioso disse que, dentro de poucos anos, muitas pessoas serão inúteis! Por que? Por causa da tecnologia substituindo o ser humano em milhares de funções.

Ou seja, será que já não está na hora de tiramos a cabeça da “caixinha” e começarmos a ver a arte como uma das formas de mudar nossas atitudes com relação ao planeta e procurar na criatividade uma forma mais saudável e equilibrada de viver?
Me perdoem os entusiastas da robótica e, creia, EU AMO A TECNOLOGIA, mas nenhum robô vai pintar com a mesma ALMA OU ANIMA de um ser humano! Que minhas cinzas não se revirem na tumba algum dia kkkkkkkkk!
Bom final de semana para todas, todos e todes!

Ângela Diana
Sou londrinense e me dedico à arte desde 1986 quando pisei pela primeira vez no atelier de Leticia Marquez. Fui co-fundadora da Oficina de Arte, em parceria com Mira Benvenuto e atuo nas áreas de pintura, escultura, desenho e orientação de artes para adolescentes e adultos.
Foto: Acervo pessoal