Técnico de gestão pública em RH usava a função para se dar horas-extras, férias e licença-prêmio; fez isso em três locais de trabalho da Administração Pública
Telma Elorza
Equipe O LONDRINENSE
Depois de quase três anos de investigação e dois de processo administrativo, o técnico de gestão pública Wagner Fernandes Lemes Trindade não faz mais parte dos quadros de servidores do Município de Londrina. Ele foi demitido do serviço público pelo decreto 353, assinado pelo prefeito Marcelo Belinati e publicado no Jornal Oficial de Londrina do dia 21 de março. O ex-servidor usava seu cargo como técnico de Recursos Humanos (RH) para lançar horas extras não autorizadas, férias extras e até licença-prêmio duplicada na sua folha de pagamento. Apesar de recorrer até a última instância administrativa, o prefeito Marcelo Belinati (PP) decidiu manter a demissão.
Desde meados do ano passado, Trindade já responde processo por improbidade administrativa na 1ª. Vara de Fazenda Pública de Londrina. O juiz daquela vara, Marcos José Vieira, determinou o bloqueio de R$127 mil em bens móvei para cobrir danos causados ao erário assim como multas, que devem ser aplicadas ao final do processo.
Segundo o corregedor-geral do Município, Alexandre Tranin, a investigação feita apurou desvios nos caixas da Administração Direta, Autarquia Municipal de Saúde e Caapsml, os três locais onde ele trabalhou. “Ele se aproveitou que cada um desses locais tem matrículas diferentes para servidores. Como ele recebia uma nova matrícula, cada vez que mudava, aproveitava e lançava umas novas férias, embora já as tivessem gozado no trabalho anterior”, conta. Segundo Tranin, ele fez isso ao mudar para a Autarquia de Saúde e Caapsml. “Nessa, além de férias, ele também programou licença-prêmio, embora lá tivesse esgotado o direito”, disse.
Foi a licença-prêmio extra que fez o esquema ser descoberto. “Quando ele mudava um item para se beneficiar, tinha que alterar um código, que era automaticamente era alterado para todos os que teriam o mesmo benefício por direito. Só que, na Caapsml, por serem poucos servidores, isso beneficiou só mais uma pessoa. A servidora achou estranho tem recebido um valor muito acima do que esperava e foi conferir com chefe do RH”, disse Tranin. Foi quando começaram as investigações. “No caso da Caapsml, fica registrado o login de quem fez a alteração. Por causa da honestidade de uma servidora, o esquema foi descoberto”, diz.
A advogada de Trindade, Rejane Rigon, foi procurada mas não retornou as ligações dO LONDRINENSE.
Foto|: Visual Hunt