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Prefeitura amplia abordagem social de pessoas em situação de rua

Município firmou parceria com Escola de Circo para Arte Educação, está contratando novos servidores, criando vagas nas Casas de Passagens, entre outras ações

O LONDRINENSE com Assessoria

Na manhã desta segunda-feira (9), o prefeito Marcelo Belinati anunciou novas medidas de abordagem de atendimento para a população em situação de rua em Londrina. Participaram da solenidade a secretária municipal de Assistência Social, Jacqueline Micali, a promotora de Justiça do Ministério Público do Paraná, Suzana Lacerda, e técnicos da Secretaria Municipal de Assistência Social (SMAS).

A partir de agora, a Prefeitura de Londrina passa a usar a Arte Educação, com a participação da Escola de Circo de Londrina, para atrair a atenção da população em situação de rua, traz a ideia inovadora do Educador Par, para que esse público se reconheça e veja que há oportunidades para sair dessa situação; abre 40 novas vagas para Pernoite; vagas nas Casas de Passagem; contrata novos servidores municipais para atuar nesta política e atualizar o quadro de profissionais da assistência social; realiza uma campanha de conscientização para a não doação de esmolas nas ruas e atuará de forma conjunta com a Secretaria Municipal de Saúde.

O objetivo da nova abordagem é unir formas de acesso e sensibilização da população que vive em situação de rua, por meio de um trabalho integrado com diversas secretarias municipais, como a Assistência Social, Saúde, Defesa Social e Fazenda, entre outras; com órgãos públicos como o Ministério Público do Paraná (MP/PR) e a Companhia de Habitação de Londrina (COHAB), além de entidades socioassistenciais e associações filantrópicas. Isso porque, segundo o prefeito, é preciso tratar com respeito e devolver a dignidade às pessoas que estão morando nas ruas e vivenciando esse momento tão delicado. Assim, por meio dessa nova política, Londrina dá exemplo para o país.

“Não podemos fingir que o problema não existe. Temos que buscar soluções para resolvê-lo. O número de moradores de rua tem aumentado em razão da situação econômica do Brasil e Londrina está sendo precursora nas políticas públicas que buscam amenizar essa situação. Estamos ampliando o trabalho, integrando de forma intersetorial as secretarias e órgãos públicos, desde o tratamento de saúde às pessoas que têm problemas com drogas e álcool, até darmos uma alternativa para as pessoas se reintegrarem à sociedade e conseguirem sair da situação de rua”, disse o prefeito.

Em Londrina, de acordo com dados da Secretaria de Assistência Social, há cerca de mil pessoas vivendo em situação de rua. Durante o anúncio dessas ações, a promotora de Justiça do Ministério Público lembrou de uma pesquisa realizada em Londrina para identificar os motivos pelos quais as pessoas estão nessa situação. Segundo a promotora, grande parte delas estão nas ruas porque sofreram violência, ou são portadoras de doenças mentais ou ainda tiveram grandes traumas na vida.

Foto: Vivian Honorato

“As pessoas não estão na rua porque querem. Ninguém escolhe estar na rua e o retorno ao convívio a uma residência não é fácil. É um caminho longo a ser percorrido pelo drogadicto e usuário de álcool, mas estamos investindo em pessoas, para que elas deem a volta por cima, retornem ao mercado de trabalho, tenham uma atividade, voltem a sorrir e voltem a se integrar com os outros. Elas perderam sua dignidade, não se valorizam, não tem autoconfiança e nem autoestima e isso é um caminho longo a ser conquistado e é o que estamos tentando fazer aqui”, ressaltou Lacerda.

Foto: Vivian Honorato

Campanha educativa – Para orientar a população a não dar esmolas ou fazer doações diretamente para as pessoas que estão em situação de rua, a secretária municipal de Assistência Social entregou panfletos e explicou que em Londrina existe a Casa Dia, que é o local adequada para se fazer as destinações de roupas, sapatos, alimentos, cobertores e outros utensílios. Isso porque, por meio do dinheiro arrecadado nas ruas, muitos conseguem sustentar o vício pelas drogas e pelo álcool, além de que isso favorece a evasão escolar, a exploração infantil e a permanência nas ruas.

Para ajudar com a doação de produtos de higiene, alimentação e vestimento, a população pode telefonar para o Centro de Referência Especializado para População de Rua – Centro POP, no (43) 3378-0417. “Criamos um espaço adequado para isso, que é o Centro Dia. Todas as instituições e ajudas são muito bem-vindas, mas estamos fazendo campanhas educativas e orientações, para que elas possam oferecer alimentação neste local e para não fomentar a permanência na rua. Estamos realizando esforços para implementar esse serviço mais próximo da rodoviária, para estarmos mais perto da população de rua”, explicou Micali.

Ações integradas com a Saúde – Além desta campanha, a Prefeitura está integrando os serviços de suas secretarias municipais. Na última sexta-feira (6) à noite e na manhã desta segunda-feira (9), os servidores da Secretaria de Assistência Social contaram com a ajuda dos profissionais da Secretaria Municipal de Saúde. Na sexta-feira, foram realizados 10 encaminhamentos para a Saúde e á Assistência Social, apenas na Rodoviária.

Arte Educação e Escola de Circo – O uso da Arte Educação é uma forma de integrar o lúdico com a educação em diversas linguagens, como dança, música, grafite, hip-hop, breakdance, capoeira, teatro, jogos, recreação e outras formas lúdicas que chamam a atenção. Para isso, a Prefeitura de Londrina firmou um Termo de Parceria com a Escola de Circo de Londrina.

Os integrantes da Escola de Circo irão junto com os orientadores sociais, duas vezes na semana, fazerem abordagens nas ruas de forma criativa, divertida e lúdica. Com isso, eles pretendem criar e fortalecer os vínculos com a população, mostrando a estes que eles podem ter uma realidade de vida diferente daquela vivenciada no momento. “São cerca de 10 modalidades, que serão ofertadas para esse público. Esperamos agregar ao trabalho que já vem sendo desenvolvido não só com os moradores de rua, mas também com as crianças nessa situação e em vulnerabilidade social. Iremos nas abordagens de rua que já são feitas e esperamos que essas pessoas possam ressignificar a vida de muitos”, afirmou Sérgio Oliveira que é um dos coordenadores da Escola de Circo e da parceria.

Criando vínculos através da escuta, os profissionais podem ajudá-los a escrever uma nova história e um planejamento de vida, incluindo mais dignidade, acesso às políticas públicas disponíveis e garantido o acesso a documentos, educação e mesmo a um emprego.

Educador Par – É um indivíduo que já experienciou a situação de rua e conseguiu superá-la. Com o trabalho deste cidadão, a população que vive nas ruas poderá conversar e se identificar, reconhecendo na pessoa do Educador Par que existe uma alternativa para seu problema e momento de vida. Dessa maneira, verificará que existem saídas para a situação de rua. A iniciativa do Educador Par foi implementada no Município de Belo Horizonte, em Minas Gerais, e atualmente também é utilizada em Brasília (DF) por conta dos resultados positivos que têm sido apresentados com ela.

Em Londrina, Jeniton Stein será o primeiro Educador Par do Município e, segundo ele, realizar essa tarefa será gratificante, porque quando ele vivenciou a situação de rua e precisou de ajuda, pôde contar com o apoio e a insistência dos servidores públicos do Centro POP. “Foi gratificante receber o convite, porque fui atendido e passei por essa situação. Agora posso estar ajudando, por ter vivido na pele, o que eles estão passando. No começo eu era resistente em sair da rua, mas o pessoal do Centro POP disse que eu não era uma causa perdida. Agora, eu espero ajudar”, disse o Educador Par.

Novas vagas nas Casas de Passagens. A partir do dia 1º de janeiro de 2020, a Prefeitura de Londrina passa a ofertar 60 novas vagas nas Casas de Passagem. Serão 50 vagas para os homens e 10 para as mulheres. A distribuição das vagas leva em consideração o quantitativo de pessoas em situação de rua, por sexo. Hoje, são oferecidas 120 vagas para homens e 25 para mulheres, além das 32 em residência mista.

A pernoite está em funcionamento até dezembro, pois o município estendeu a Operação Noite Fria. Mas, com o novo edital realizado pela Prefeitura, agora, o município passa a contar com um serviço perene pela primeira vez, ou seja, a partir de janeiro serão 40 vagas ofertadas para aqueles que precisam pernoitar e não têm onde ficar.

Novos concursados – O prefeito nomeou, em outubro deste ano, 15 novos servidores para o cargo de Orientador Social. Desde então, eles estão trabalhando e outros 10 estão em processo de contratação. Segundo a diretora de Proteção Social Especial da SMAS, Josiani Nogueira, há 8 anos, a Prefeitura de Londrina não realizava reajustes na área de Assistência Social. Por isso, em 2011, havia 33 concursados atuando nos serviços destinados a pessoas em situação de rua. Porém, com a exoneração de muitos, atualmente, havia apenas 17 profissionais para atender toda a demanda da cidade.

Com o chamamento dos novos 25 servidores, serão 42 profissionais especializados realizando o atendimento neste serviço que, nos últimos três anos, teve um crescimento de 25% de procura por vales alimentação, por exemplo. Assim, pela primeira vez, Londrina terá uma equipe específica para cuidar das crianças e adolescentes que estão em situação de rua. “Além da contratação de novos servidores, que aguardavam desde 2015 para serem chamados, o prefeito Marcelo Belinati ajustou o cargo e os requisitos necessários para a atuação colocando-o em conformidade com a política nacional de Assistência Social, por meio do SUAS”, explicou Nogueira.

Foto: Vivian Honorato

Atendimentos – Em Londrina, 170 pessoas são atendidas pelos servidores da Abordagem Social. Somados são realizados cerca de 500 abordagens por mês. Há a abordagem solicitada pela população por meio das ligações telefônicas e as Abordagens Programadas aos públicos que já são conhecidos dos orientadores sociais. Além disso, o Centro Pop funciona das 8h às 17h e as abordagens das 7h às 22h.

“As pessoas em situação de rua mudaram. Agora, é um público mais jovem, dinâmico e que conhece seus direitos. Por isso, a abordagem também precisa mudar para um processo educativo e isso é o que estamos implementando na gestão”, complementou a diretora.

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