Crise na área de psiquiatria se agrava com fechamento de duas unidades-dia

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Unidades pertencem ao mesmo grupo dono dos hospitais psiquiátricos investigados pelo Ministério Público

Telma Elorza

Equipe O LONDRINENSE

A direção do Maxwell Hospital Dia de Londrina e do Ambulatório de Psiquiatria de Londrina encaminhou nota à imprensa informando que, a partir de 1 de julho, as duas unidades terão os atendimentos encerrados. As unidades pertencem aos mesmos donos dos hospitais psiquiátricos Vila Normanda e Clínica Psiquiátrica de Londrina (CPL) e que foram denunciados no final de maio, pelo Ministério Público, por peculato, organização criminosa, maus-tratos, cárcere privado, falsidade ideológica, lesão corporal, estupro de vulnerável, abandono de incapaz e exercício irregular da medicina.

Segundo as informações repassadas pela direção das unidades-dia, as duas funcionam como apoio complementar aos pacientes com doenças mentais e  seus familiares e tem 100% do atendimento voltado para o SUS. A demanda hoje, segundo a nota, “deverá ser direcionada pela prefeitura para o sistema de CAPS – Centros de Atenção Psicosocial”. E deixa claro que tanto o “Maxwell Hospital Dia e o Ambulatório são iniciativa privada que presta serviço para o SUS”.

A justificativa para o fechamento, segundo informações repassadas pela diretora clínica do grupo, a psiquiatra Carolina Nicolau, é que o serviço se tornou inviável financeiramente. “Há 10 anos os valores da consulta e do atendimento no Hospital dia  não recebem reajuste. Hoje o repasse não cobre nem 30% dos custos das unidades e durante todo este tempo a diferença vinha sendo coberta com recursos próprios do Grupo. A direção fez várias solicitações de revisão dos valores durante todo este período, inclusive no início desta gestão, mas não vislumbrou interesse da prefeitura na continuidade da prestação de serviços”, disse.

Segundo a psiquiatra, o Município terá 30 dias para remanejar os pacientes das duas unidades para o CAPS. “Entendemos que pode ser um desafio para a prefeitura, mas chegamos a um ponto de estrangulamento financeiro que nos impede de dar continuidade a estes serviços com a qualidade de sempre. Então preferimos optar pelo fechamento”, explica.  Os cerca de 20 membros da equipe multidisciplinar que trabalham nas duas unidades; médicos, farmaceuticos, enfermeiros, e terapeutas ocupacionais, entre outros, serão remanejados para as outras unidades do grupo.

De acordo com a nota, o Ambulatório – criado em 1982 – realizou, em 2018, 6,854 mil consultas (psiquiatria e psicologia), uma média de 488 consultas por mês com 20 consultas/ dia. Já o Hospital Dia, criado em 1993, respondeu por 7,718 mil diárias no ano passado, uma média de 643 consultas por mês e 26 consultas/dia. “Nos 37 anos de existência, passaram mais de 37 mil pacientes pelo Ambulatório (segundo cadastro próprio) que atende cerca de 3 mil pacientes por ano”, diz a nota.

Segundo as informações repassasadas, o valor cheio da consulta psiquiatra/psicólogo paga pelo SUS e oferecida pelo Ambulatório é de R$10,00, enquanto o valor cheio da diária do Hospital  Dia paga pelo SUS é de R$39,88. “O atendimento inclui acompanhamento de equipe multidisciplinar; medicação e alimentação”, diz a nota.

O secretário municipal de Saúde, Felippe Machado, disse que não foi informado oficialmente da decisão e, que tão logo isso ocorra, irá analisar quais são os impactos que causará dentro do Sistema Único de Saúde, bem como estudar alternativas para minimizar os descredenciamentos dessas instituições. Ele lembra que, como as instituições atendem pacientes de toda a região, a discussão será também no âmbito da 17a. Regional de Saúde e demais municípios.

Clínicas foram alvo de operação do Gaeco

Em fevereiro, as duas clínicas do grupo foram alvo de mandatos de busca e apreensão com apoio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco). Foram apreendidos computadores, prontuários e outros documentos. Na mesma operação, o Gaeco apreendeu 24 armas no escritório de um dos diretores.

Segundo as investigações da Promotoria de Saúde Pública, havia indícios de irregularidades em prontuários médicos para receber mais dinheiro do SUS, além de adiar períodos de internações e tratamentos para conseguir mais repasses.

Foto: O Maxwell Hospital Dia pertence ao mesmo grupo da Clínica Psiquiátrica de Londrina (Foto Google Maps)

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