O bar, que existe há sete anos, tem um ambiente único e um cardápio delicioso e bem acessível
Telma Elorza
O LONDRINENSE
Eu confesso, não conhecia o Bar do Japa. Já tinha ouvido falar, meu filho sempre frequentava. Mas até que o boteco participasse do concurso “Comida di Buteco“, o via como como um bar alternativo, voltado pra moçadinha que gostava de ambientes desconstruídos e sem lugar para sentar. Nada minha praia.
No entanto, com a participação no concurso nacional, me chamou a atenção. Precisava conhecer. E fui. Que delícia de lugar! O bar reproduz em sua decoração, num cenário perfeito, um yokocho (que, em japonês, quer dizer beco). No Japão, o aproveitamento de espaço é muito sério e os japoneses criam, em qualquer lugar MESMO, espaços cheios de personalidade – chamados yzakayas (bares), com boa comida e preços mais em conta. Esse é o Bar do Japa, uma viela cenográfica reconstruída nos mínimos detalhes, com comércios diferentes, luminosos (escritos em japonês), postes de iluminação e mesinhas (algumas de engradados) colocadas na rua! Uma grande parede de espelho no fundo do bar dá a impressão que é uma viela mesmo, aberta, atravessando o quarteirão. Parece que você está realmente no Japão!

Segundo o dono do Bar do Japa, o Elton Silva Matsuda, até a pandemia de covid, o bar era realmente mais alternativo, um barzinho de garagem. Mas ele aproveitou o momento crítico, quando o comércio teve que fechar as portas para evitar aglomerações, para realizar seu sonho. Com a ajuda de um amigo, reconstruiu com as próprias mãos o lugar. “Depois que todo mundo reabriu as portas, ainda mantive fechado por mais um cinco meses. Queria recriar aquele ambiente que vivi, quando morei por quatro anos no Japão”, explica. Ele gastou cerca de R$80 mil só de materiais para construir o cenário, que ficou perfeito. As placas luminosas em japonês fazem homenagem à pessoas da sua família. Tem o bar dos irmãos, a tabacaria do avô, a sorveteria dos primos (em homenagem ao filho e a sobrinha), cafeteria da tia, e assim vai.





O lugar ficou tão legal, recriou tão perfeitamente o clima dos yokochos que tem atraído um público especial: japoneses e descendentes que passaram algum tempo no Japão. “Eles vem em grupos, às vezes só, apenas para matar a saudade. Sentam, comem alguma coisa, e ficam observando cada detalhe”, conta Bianca Janine, a Bia, que trabalha no Bar do Japa há um ano. “E é bem legal observar, porque às vezes ficam bem emocionados. Agradecem muito pela experiência”, diz.



O cardápio do Bar do Japa
Mas, para além do cenário, o Bar do Japa também procura oferecer petiscos da culinária japonesa. E o melhor: com preços muito acessíveis. A porção de sushi Urumaki Filadélfia (a mais cara entre os sushis), com 10 unidades, custa apenas R$23. Até eu que não gosto de peixe cru, comi e gostei muito, achei delicioso.

O frango karaguê (ou karaage, como escrevem lá no Japão), com o qual participaram do “Comida di Buteco”, sai por R$29,00. E olha, vou contar um segredo: foi o melhor frango karaguê que já comi. Crocante por fora, molhadinho por dentro sem estar cru! Isso é a coisa mais difícil no frango karaguê. A maioria não consegue deixar no ponto certo. Ou fica cru ou fica seco. Sim, eu sou uma fã do frango karaguê e esse estava perfeito. Pra completar a degustação do dia, pedi outro prato difícil de encontrar o ponto: o tempurá vegano (R$ 8). Nossa, estava excelente, bem temperado, crocante e nada oleoso. E são dois tempurás bem servidos. Ou seja, dois pelo preço de um.

O cardápio ainda tem temakis, sashimi e hot roll, além de Gyoza e a sua versão vegana, tempurá de camarão, Yakuitori, sanduíches, bolinhos de carne e de peixe, além de porções. Mas a partir dessa semana, o Elton vai mudar o cardápio, fortalecendo a comida japonesa, oferecendo mais versões e sempre com preços acessíveis, mantendo o espírito das yzakayas. “Vou colocar umas comidas legais, mesmo, fortalecer essa comida oriental que já faz sucesso aqui. Mas com sabor abrasileirado, menos doce que o original japonês”, antecipa.


Ah, as bebidas também tem preços bem legais. As cervejas variam entre R$10 e R$17 e os drinques mais caros estão na ordem dos R$20. Mas, para quem gosta, eu recomendo muito a caipira de limão (R$10). E pergunte sempre se tem a de limão rosa, colhido na chácara da família. Mas o limão rosa só dá em determinadas épocas do ano, então no restante é feito com o taiti mesmo. Mesmo assim, é muito boa. Dá pra beber tranquilamente uma três pelo preço que pagaria em uma (e meia) em outros botecos. “O preço é uma das coisas que quero manter bem legal, porque quem não tem muita grana também merece se divertir”, diz Elton.
O bar funciona de terça a sábado, das 19 horas até a hora que o último cliente vai embora, mas a cozinha fecha às 23 horas. Os dias mais cheios são sexta e sábado, então é preciso ir cedo se escolher visitar no final de semana. Ele fica na Rua Espírito Santo, 323, ao lado da Padaria do Japa, que também é do Elton, e também é bem legal, mas isso é assunto para outra coluna.
Fotos: Telma Elorza e Suzi Bonfim
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2 Comentários
Não consegui identificar o endereço do bar.
Esquina com a Avenida Duque de Caxias.