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Balanço Ambiental de 2021

Por Renato Munhoz

O ano de 2021 para o Meio Ambiente foi desafiador. As crises ambientais herdadas de 2020 e as ameaças constantes em relação a um “desregramento”  acenderam os sinais de alerta de uma crise histórica.

O maior desmatamento da história, com perspectivas de ampliação e não diminuição; queimadas descontroladas, uma das piores crises hídricas dos últimos anos. Em junho de 2021, esta crise chega ao seu ápice com a saída do governo do então ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles, após denúncias de participação de favorecimento no desmatamento da Amazônia, com a presença dele inclusive para garantir a liberação de uma carga de madeira apreendida pela Polícia Federal. E o que poderia representar uma volta na curva, na verdade não alterou em nada o cenário. Pelo contrário, os sinais de ataques ambientais contaram com novas frentes, como o caso da invasão dos garimpos ilegais no Rio Madeira e em terras indígenas com crescentes ataques.

Não é irresponsabilidade deste autor e de outros tantos responsabilizar governos pelo gerenciamento de crises ambientais. Ao que me parece, a Constituição Federal aponta que é este o agente responsável em salvaguardar o Meio Ambiente, tendo em vista a sustentabilidade e melhor qualidade de vida das pessoas. Porém, não é o que 2021 revelou inclusive com a diminuição drástica orçamentária no que diz respeito as fiscalizações ambientais.

Em 2021, assistimos atônitos o fim de uma Conferência do Clima, a COP 26, que não apontou nenhum caminho para a superação das grandes crises mundiais de meio ambiente. A fala do presidente da conferência, Alok Sharma, dizendo-se “frustrado” ao final, demonstrou claramente o “não rumo”. As grandes potências econômicas do mundo continuam a não abrir mão dos seus interesses a qualquer custo. Apontando a direção catastrófica irreversível que poderemos entrar se não mudarmos drasticamente de comportamento.

Também em 2021 vimos um crescimento de mais de 60% da utilização de energia solar. O que é muito importante. Pois representa significativamente a implantação de fontes de energias renováveis, cada vez mais.

Ainda temos o desafio da Implantação da Lei de Resíduos Sólidos que, como vimos nos noticiários, os lixões continuam nos ameaçando, mas também há uma presença das associações e cooperativas de reciclagem que apontam para um rumo interessante.

Outro dado importante de 2021 é a busca pela Educação Ambiental. As instituições de ensino têm buscado cada vez mais a aproximação dos alunos e alunas a causas ambientais, a busca pela alimentação saudável. São diversos projetos que contribuem diretamente para a formação de uma nova cultura. Embora haja muito o que fazer, muitas sementes estão sendo plantadas.

Não gostaríamos de encerrar o ano com uma visão negativa em relação ao Meio Ambiente. Mas isso não depende apenas de cada um de nós. Temos feito ou, pelo menos, tentado fazer nossa parte. Várias iniciativas como Economia Solidária, Economia Criativa, Empreendedorismo Sustentável demonstram que vários “novos rumos” estão sendo construídos todos os dias. Confiemos de que estas pequenas ações em pequenos lugares vão balançando as estruturas e forçando uma mudança cultural de baixo para cima. É isso que 2021 vai deixar como lição: fazer a nossa parte não é fazer pouco, mas sem ela esse pouco nem existiria. E de pouco em pouco, vamos movendo a roda da história, para que 2022 seja o ano da sustentabilidade.

Feliz Natal e um 2022 cheio de vida!

Renato Munhoz

Professor, teólogo historiador. Especialista em Educação Ambiental e Sustentabilidade. Coordenador de Projetos do COPATI (Consórcio para Proteção Ambiental do Rio Tibagi).

Foto: Renato Munhoz

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