Por Ângela Diana
Da lua? Não, gente, as fases que a maioria dos artistas passa na carreira. Algumas vezes, ouço de amigos artistas (profissionais já) que sentem falta do entusiasmo de quando eram principiantes. Isso é muito comum! Quando começamos na carreira, como qualquer profissional, mesmo com dificuldades financeiras, poucos recursos técnicos, sentimos uma energia transformadora, que dá forças para pintar, desenhar, trabalhar… É como se fossemos mudar o mundo através da nossa arte! Simples assim.

Mas a vida pode até ser “simples”, afinal se pensarmos bem, chamamos de “vida” os intervalos entre nascer, crescer, envelhecer e morrer, não é? Só que crescer e ser artista em um país como o nosso, vai sim acabando com qualquer entusiasmo. Com o tempo, as dificuldades em tudo, vão nos jogando na parede por assim dizer.
Passamos pelas fases de “teste”, aquelas vezes que nada de entusiasmo, nada de inspiração, mas é necessário continuar o trabalho, porque podemos, como artistas, não sentir uma coisa nem outra, mas o que sempre se sobressai é o incômodo para fazer “alguma coisa”.

Eu sempre digo, que ser artista é uma benção (e eu não escolheria outra profissão), mas tem ocasiões que é uma maldição. Um contrassenso! Ao mesmo tempo que machuca, cura a ferida. Quem produz arte e artesanato sabe bem do que estou falando…
E isso em qualquer técnica ou modalidade de artes. Ou você acredita que toda vez o bailarino está bem para dançar, ou a atriz e ator, para atuar? Nem sempre estamos bem, mas não tem aposentadoria para a arte. Não confunda! O artista pode se aposentar, mas ele não deixa de SER artista, nunca.
O entusiasmo juvenil dá lugar á constância, ao profissionalismo, à maturidade, à sabermos escolher aonde e quando mostrar nosso trabalho. De todas essas, a melhor é com certeza, a maturidade!

Hoje em dia, não dou a mínima bola se alguém não gosta do meu trabalho! Se odiar então, acho ótimo! Lógico, que quando as pessoas gostam e melhor se ligam a obra, à ponto de querer possuir essa obra, fico muito feliz!
Mas, com o tempo, descobrimos que nossa autocrítica é bem pior que de qualquer pessoa que possa nos dizer “credo, que horrível isso” ou “até eu faria”(Não! Não faria!)! Vamos ficando calejadas e calejados e muitos artistas, quando podem, se isolam… Buscam um viver a fase do “casulo”… Aquela em que já pode sobreviver bem e trabalhar cem por cento na sua obra, transformando, inclusive seu espaço!
Exemplos disso tem muitos: Frida Kahlo, Picasso, Monet, Renoir, Georgia O’Keefe, Francisco Brennand… Deixaram seus ateliers e casas para a posteridade… Com suas obras e com as histórias das suas vidas… Cito a “Casa Azul” da Frida e os jardins da casa de Monet….
Todo artista leva para seu entorno seu mundo próprio e aqui cito também nosso amigo José Maria Frutuoso que trabalha sempre nos jardins da sua casa e transformou as paredes da casa em grande mural com uma onça fantástica!

Lembrei também do nosso saudoso amigo Jajá Belluco (que já está na casa do pai azul), que transformou a casa que morava num grande atelier, com as árvores que gostava!
Aqui em casa? Bom, tem muito a ser feito ainda… mas quem sabe sejamos longevos como Pablo Picasso que morreu aos 91 anos e produzindo sem parar! Oremus!
Bom final de semana e colaborem com nosso querido jornal pelo CATARSE.

Ângela Diana
Sou londrinense e me dedico à arte desde 1986 quando pisei pela primeira vez no atelier de Leticia Marquez. Fui co-fundadora da Oficina de Arte, em parceria com Mira Benvenuto e atuo nas áreas de pintura, escultura, desenho e orientação de artes para adolescentes e adultos.
Foto: Acervo pessoal