Por André Sell
Caros leitores e amigos d’O Londrinense
Mas uma vez aqui para falarmos de um assunto interessante: os setores de uma residência face aos novos hábitos de vida.
Lembro dos tempos de estudos de Arquitetura, nos idos 1970, época muito marcante. Naquela época era quase impositivo que as residências tivessem três setores: o social (salas de receber visitas e jantar e, muitas vezes, uma varanda que, quando fechada, recebia o pomposo nome de jardim de inverno, apesar do calor reinante na maior parte desse País maravilhoso); o íntimo (os dormitórios) e o dos serviços (aí entravam a cozinha e a área de serviços e, muitas vezes também, o dormitório de “empregada”).
Os tempos exigiam essa separação, nunca que uma vista deveria ter acesso, mesmo visual aos setores íntimos (a ideia de privacidade, sempre importante, tinha um outro olhar).
A evolução natural de costumes sempre foram pontos de reflexão em todas as áreas e, em especial, no projeto arquitetônico que sempre reflete a maneira de se viver em cada momento, além de estilos, ou seja, a aparência e estética de uma época.
Nas obras atuais temos os ambientes integrados. Quem não sonha com uma cozinha gourmet?
Nos programas de TV, vemos sempre falarem nessas tendências de casas com esses espaços de usos múltiplos e integrados. É comum hoje em dia o anfitrião cozinhar junto com seus convidados, bebericando um vinho e assando uma carne enquanto prepara-se a salada e o papo rola noite adentro.
Essa integração entre a cozinha, antes uma área íntima, e a sala de jantar aproxima as pessoas, e isso é muito bom. Quem se lembra do que era a copa, junto ou ao lado da cozinha? Qualquer residência média ou maior tinha esse espaço para as refeições do dia a dia, só da família, e a sala de jantar era usada para as refeições de domingo ou quando se recebessem visitas. Hoje isso já não faz mais parte do nosso dia a dia, ou não?
Quais casas ainda tem o quarto de empregada, já que a tendência é termos diaristas? Hoje temos, no lugar, as despensas, não tão populares antes. E assim vamos tendo as adaptações para os novos modos de viver.
Quem não já sonhou com aquela área de churrasqueira numa varanda e tendo junto a cozinha? Se tiver uma piscina ao lado, aí é quase um Paraíso na Terra!
O advento da informática também ajudou nessas mudanças de hábitos em nossas vidas. Nesses novos tempos, podemos acionar praticamente tudo remotamente, desde ligar ou desligar a iluminação dos ambientes, uma TV ou qualquer outro equipamento e até vermos, através das câmeras, o que acontece na nossa casa tanto interna como externamente e tantos outros usos que a cada dia nos surpreendem tão rápida é essa evolução tecnológica.
Essas mudanças provenientes de usos e costumes serão sempre um tema interessante de análise, pois a arquitetura, principalmente na área de interiores, vai mudando, acompanhando o que a cada momento vivenciamos e isso é muito instigante para os profissionais. Arquitetos são ávidos por inovações, e assim poderem exercitar novas ideias, proporem coisas cada vez mais interessantes que atendam aos novos costumes.
Então vivam bem e aguardem por muitas outras mudanças que virão, cada vez mais rapidamente em nossas vidas e assim também a Arquitetura se adequará para contribuir em melhorar nossas casas.
André Sell
Catarinense, formado em Arquitetura e Urbanismo no Rio de Janeiro e morador de Londrina há 3 décadas. Arquiteto por vocação, inquieto e curioso, atua nas mais diversas áreas como projetos residenciais , comerciais e corporativos e Interiores. Foi presidente do CEAL, é atualmente Conselheiro do CAU/PR (Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Paraná) pela região de Londrina pela terceira vez. Lecionou também em faculdades de Arquitetura, na graduação e na pós-graduação. Tem projetos, além do Paraná, nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul.
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