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Ambientes e relações tóxicas: como evitar?

Por Maurício Chiesa Carvalho

Modificar um ambiente de trabalho tóxico pode ser desafiador, mas não é impossível. Para isso, o primeiro passo é identificar os problemas, ou seja, perceber os sinais de alerta. Não apenas o ambiente familiar pode ser tóxico, mas também o da organização. 

Reconhecer a toxicidade de uma relação é mensurar o quanto de dor e sofrimento essa convivência traz. Desconforto, inferiorização, descrença, humilhação e abuso são alguns comportamentos que podem existir em uma relação tóxica dentro ou fora do ambiente familiar.

Talvez você tenha ouvido falar que “quando estiver revoltado, chateado, é bom contar até dez, mas se você estiver muito bravo, então conte até mil”. Esta é uma estratégia muito inteligente porque quando a gente começa a contar “até 10”, ativa o córtex, a parte frontal e lógica do cérebro, que fica inibida durante o sequestro emocional. Mas por que até 10? Simples: Para que a informação chegue ao neocortex e seja processada racionalmente, não permitindo assim cometer excessos que fatalmente serão catastróficos para uma solução eficaz. Einsten já dizia, “um problema não pode ser resolvido no mesmo estado emocional que ele foi criado ou descoberto”.

Um ambiente de trabalho tóxico é um local que afeta negativamente o bem-estar de colaboradores, resultando em aumento de estresse, ansiedade e preocupação. É aquele em que fofocas, abusos, brigas, coerção, abuso verbal, “puxadas de tapete”, manipulação e chantagem ocorrem regularmente.

Relacionar o termo tóxico ao ambiente de trabalho é algo recente, apesar de os reflexos disso atingirem as empresas – e seus funcionários – há muito tempo. A boa notícia é que esse fenômeno hoje é reconhecido como um problema. “As gerações antigas foram criadas de maneira rígida e autocrática. Mas as formas de trabalho mudaram muito, as pessoas querem trabalhar e viver de verdade, se expressa Isso impacta as relações e mexe com a sociedade inteira”, diz Tânia Moura, vice-presidente da Associação Brasileira de Profissionais de Recursos Humanos (ABPRH), em São Paulo. Ponto para as gerações mais jovens, que souberam enxergar com mais clareza que, para ter realização pessoal, é importante manter o equilíbrio e não só abaixar a cabeça. 

Um ambiente de trabalho tóxico é um local que afeta negativamente o bem-estar de colaboradores, resultando em aumento de estresse, ansiedade e preocupação. O ponto que queremos chegar é que em ambiente de trabalho tóxico a saúde e a felicidade estão em risco.

Em suma, um ambiente de trabalho tóxico destrói a empresa através da redução da produtividade e da colaboração, dificulta a criação de novas lideranças, aumenta custos de contratação e demissão, prejudica a reputação da empresa, etc. Tudo isso afeta a relação com o cliente e consequentemente exerce um impacto negativo no financeiro.

Confiança é um dos elementos básicos de uma cultura organizacional saudável. Sem ela, o ambiente fica tóxico, pois não há espaço para construir um relacionamento de respeito e colaboração. Isso vai desde a confiança que o líder tem em sua equipe até a ética nas atitudes entre os próprios colaboradores.

Problemas na comunicação e alguns tipos de liderança podem prejudicar.

Ambiente ruim atrapalha dia a dia e pode até causar pedido de demissão.

É errado achar que um ambiente de trabalho tóxico é aquele que somente há, por exemplo, bullying. Muitas vezes o simples fato de uma pessoa ser negativa o tempo inteiro já contamina outros colegas, prejudicando o local de trabalho.

É comum ouvir relatos de profissionais que enfrentam dificuldades no ambiente de trabalho como desentendimentos com a chefia imediata, problemas com colegas e metas e objetivos difíceis de alcançar.

São alguns sinais que indicam que o ambiente de trabalho pode ser ‘tóxico’

– Problema de Comunicação e/ou comunicação negativa

– Liderança Não assertiva – Líderes tóxicos conseguem crédito por sucesso dos outros e manipulam, pessoas e informações, para garantir que eles vão ficar bem.

– Politica escrita MAS NÃO seguida

E, por fim, pessoas que trabalham em ambiente tóxicos, especialmente durante um longo período, começam a ter problemas de saúde como dificuldade para dormir e ganho de peso. Emocionalmente, o profissional pode ficar desanimado e até ter depressão.

Como lidar com um ambiente toxico?

O bem-estar elevado dos colaboradores é um dos principais fatores que geram benefícios diretos para as empresas

1- Evite gastar energia reclamando e envolvendo pessoas que não fazem parte da solução e muito menos do problema, isso piora a toxidade da situação;

2- Busque soluções com pessoas que já passaram por desafios semelhantes ou que possam de alguma forma contribuir com a solução;

3- Extraia aprendizado de cada desafio, por mais árduo que possa ser, isso evitará que você caia futuramente em situações semelhantes;

4- Lembre-se que equilíbrio na vida pessoal ajuda bastante a lidar com desafio profissionais, pior que trabalhar numa organização tóxica é ter uma vida tóxica;

5- Reagir aos estímulos tóxicos não costuma ser um bom caminho, o papel de vítima costuma parecer ser a única opção, mas acredite, o protagonismo nesse tipo de situação será um diferencial em sua carreira.

E ainda vamos além: Antes de entrar na empresa, conhecer sua cultura e verificar se ela é consonante (compatível) com seu propósito ou Ikigai, pois, as vezes o que é tóxico para alguém, é irrelevante para outro. 

“É preciso considerar que o impulso é o veículo da emoção e que a semente de todo impulso é um sentimento expansivo que procura se expressar na ação.”

Daniel Goleman

Você provavelmente já viveu alguma situação em que teve uma reação exagerada a um determinado acontecimento e depois pensou: “Não sei o que deu em mim”. Esses rompantes ocorrem quando a razão é substituída por uma forte emoção, e são chamados de sequestro emocional.

Sequestro emocional, sequestro neural ou sequestro límbico é um conceito criado pelo psicólogo Daniel Goleman para descrever o processo onde impressões sensoriais são enviadas diretamente do tálamo à amígdala, antes de serem plenamente processadas pelo neocórtex. A área frontal do córtex que fica inibida com o sequestro é a responsável pelo pensamento lógico e o planejamento de nossas ações.

De acordo com Golleman o problema é que a informação chega primeiro a amígdala e apenas depois chega ao neocortex, portanto se o que está acontecendo no ambiente externo é muito intenso a amígdala pode dar o comando de “Fuja” ou “Ataque”, antes que o neocortex diga ” calma, vamos montar um plano de ação para resolver este problema mais assertivamente”. Este processo chama-se “seqüestro da amígdala”, onde ela não permite que o neocotex aja.

Ao contrário, a amígdala faz parte das estruturas mais primitivas do cérebro, e é a que controla as emoções. Então, nosso pensamento lógico fica sujeito ao comando das nossas emoções. Goleman aponta cinco principais gatilhos no local de trabalho:

1- Condescendência e falta de respeito

2- Ser tratado injustamente

3- Sentir-se desconsiderado

4- Sentir que não é escutado e que não lhe prestam atenção

5- Ficar submetido a metas irrealistas

Quando caçávamos na selva e, por exemplo, nos deparávamos com um leão, a amígdala desativava o resto das funções cerebrais porque não era hora de parar para pensar no perigo ou fazer a digestão ou ovular, era hora da resposta de luta/fuga.

No entanto, no mundo atual, quando nos deparamos com um evento de estresse importante, mesmo que não ameace a nossa sobrevivência, como um engarrafamento no trânsito, a amígdala nos sequestra. Isto faz com que todo o nosso organismo se encha de adrenalina e cortisol, que alteram nosso corpo ao longo de umas quatro horas de sequestro emocional.

E por isso, depois de uma emoção intensa provocada por um grande agente de estresse, costumamos sentir durante um tempo o que podemos chamar de uma “ressaca emocional”. Esta ressaca se deve aos hormônios que circulam ainda pelo nosso organismo e que fazem com que o mal-estar dure muito mais tempo.

Colocar em prática nosso autodomínio e buscar uma visão clara da situação é um treino que requer esforço, mas é possível. E claro, vale contar sempre até 10!

Foto: João Vanzo

Maurício Chiesa Carvalho

Administrador, Executivo de RH, psicanalista, consultor, docente e escritor. Conselheiro da Academia Europeia de Alta Gestão e um dos RHs mais Admirados do Brasil de 2021. Linkedin mauríciochiesacarvalho

Foto: Pexels

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